MATÉRIAS

Comer

Dr. André Luiz Maynart®, Endocrinologia, Brasil

18 Junho 2018

Um prazer viciante

Para emagrecer, basta querer, certo? Não exatamente. É claro que qualquer transformação depende do nosso próprio desejo de mudança, mas, nesse caso, esse processo é bem mais complexo. Vamos entender o motivo?

Sempre que comemos, nosso cérebro entende que estamos fazendo algo “certo”, isto é, saciando uma necessidade primitiva. Assim, ele estimula nosso “sistema de recompensa”, bem como vários produtos químicos que nos fazem sentir prazer.

O que acontece é que o nosso cérebro é programado para buscar comportamentos que liberem dopamina – intepretado por ele como prazer – no sistema de recompensa.

E o que tem de mal nisso? Se você se alimenta com #comidadeverdade, nenhum. Por outro lado, se sua dieta é a base de “junk foods”, esse estímulo de recompensa é muito mais poderoso. É claro que uma maçã pode causar uma liberação moderada de dopamina, mas um belo sorvete libera uma quantidade enorme.

O problema é que quando o cérebro assimila esta quantidade extra de dopamina, ele remove os receptores do hormônio como forma de manter o equilíbrio bioquímico. Com menos receptores, mais dopamina é necessária para alcançar a mesma sensação de prazer, o que faz com que o indivíduo coma ainda mais. Isso é o que chamamos de tolerância. Adicionalmente, se você tiver uma atividade menor de dopamina, começará a se sentir infeliz, o que te colocará em um ciclo vicioso em busca do prazer. Esse processo pode ser chamado de abstinência.

Juntas, tolerância e abstinência formam uma dupla poderosa na dependência física, que pode ser comparada ao vício às drogas em geral.

É por isso que muitos fatores estão envolvidos em um processo de emagrecimento, sendo a bioquímica e fisiologia cerebral de suma importância nessa mudança. Emagrecer de forma saudável vai muito além de força de vontade, é uma consequência de um equilíbrio nutricional, bioquímico e hormonal do nosso organismo.

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