MATÉRIAS

Emagrecimento

Dr. André Luiz Maynart®, Endocrinologia, Brasil

23 Abril 2018

E o papel dos hormônios.

“Engordamos” por comermos em excesso ou comemos em excesso por engordarmos?

Para a maioria das pessoas, esta questão está claramente resolvida: se você come mais do que gasta, logo você estoca gordura. Ainda que esse seja, teoricamente, o mecanismo mais comum, o papel dos hormônios exerce uma influência no processo de emagrecimento maior do que se possa imaginar.

Emagrecer de forma saudável vai muito além de ter uma alimentação balanceada. É preciso estar com um equilíbrio bioquímico e hormonal em dia. Caso contrário, é bem possível que o seu esforço terá sido em vão.

Muitas pesquisas já demonstraram que alguns hormônios influenciam o nosso apetite e o quanto de gordura estocamos. Vamos conhecê-los melhor?

– Insulina: hormônio produzido nas células beta-pancreáticas (pâncreas), permite que as células absorvam açúcar no sangue para energia ou armazenamento. Além disso, ela é o principal hormônio de estocagem de gordura no corpo. Quando as células são resistentes à insulina, tanto o açúcar no sangue como os níveis de insulina aumentam significativamente. Esses níveis elevados cronicamente, o que chamamos de hiperinsulinemia, podem levar a muitos problemas de saúde, incluindo obesidade e síndrome metabólica.

– Leptina: produzida pelas células adiposas, é considerada o hormônio da saciedade. Basicamente, seu papel é comunicar ao hipotálamo, parte do cérebro que regula o apetite e, consequentemente, a ingestão de alimento. Na obesidade, esse sistema não funciona como deveria, sendo o que chamamos de resistência à leptina. Logo, com sua função prejudicada, o cérebro não recebe a mensagem para parar de comer. Níveis elevados de insulina e a inflamação do hipotálamo são duas causas potenciais para que este ciclo vicioso (e perigoso) se instale.

– Grelina: quando seu estômago está vazio, é liberado este hormônio, que envia uma mensagem ao hipotálamo dizendo-lhe para comer. Por esse motivo, a grelina é conhecida como hormônio da fome. Os níveis de grelina são mais altos antes de comer e mais baixos após uma hora da refeição. No entanto, pessoas com sobrepeso e obesidade possuem níveis em jejum mais baixos do que em pacientes com o peso normal. Segundo estudos, pessoas acima do peso só experimentam uma diminuição pequena do hormônio para uma refeição, de modo que o hipotálamo não recebe um sinal “tão forte” para parar de comer, podendo levar aos excessos.

– Cortisol: produzido pelas glândulas suprarrenais, o “hormônio do estresse” cronicamente elevado pode influenciar o ganho de peso. Isso porque ele é liberado quando o corpo sente estresse e isso pode ser desregulado também em pessoas com dietas hipocalóricas (baixa caloria).

– Estrogênio: o mais importante hormônio sexual feminino, pode influenciar o ganho de peso tanto quando está em altos, quanto em baixos níveis.
Mulheres obesas tendem a ter níveis elevados de estrogênio do que aquelas que possuem um peso normal. Na menopausa os níveis caem, modificando o local de armazenamento de gordura, que antes eram no quadris e coxas, para uma gordura visceral no abdômen (que nós já falamos que é ainda mais perigosa).

Mas não para por aí, existem outros hormônios que influenciam nesse aspecto, tais como: Neuropeptídeo Y (NPY), Colecistocinina (CCK), Peptídeo semelhante ao Glucagon 1 (GLP-1), Peptídeo YY (PYY), etc.

Lembre-se: o processo de emagrecimento depende de um conjunto de fatores, sendo que é necessária uma sinergia entre alimentação, exercício e equilíbrio hormonal/ bioquímico, para que os resultados sejam alcançados.

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