MATÉRIAS

Supressores naturais

Dr. André Luiz Maynart®, Endocrinologia, Brasil

16 Abril 2018

Para reduzir o apetite

Há quem diga que o segredo do emagrecimento está em passar fome. Talvez por isso a maioria das pessoas desiste do processo antes mesmo de começá-lo. Mas a boa notícia é que não é bem por aí.

Sejamos realistas, o início de um novo plano alimentar não é fácil e muito menos rápido. Substituir hábitos alimentares como ingerir carboidratos altamente refinados, açúcar e alimentos processados por uma dieta saudável não é uma tarefa simples e, por vezes, pode ser um pouco dolorosa. No entanto, uma vez que você se acostuma a esse estilo de vida, ele se torna mais prazeroso. Em outras palavras, dieta não é – e nem pode ser – sofrimento.

“Então, doutor, o que faço com o meu apetite de urso?”. Ainda que pouco a pouco seu organismo se adapte a um menor consumo calórico, existem alguns supressores naturais que ajudam na saciedade. Vem comigo que eu explico melhor.

Estes supressores são à base de plantas que agem de diferentes formas, reduzindo o apetite, bloqueando a absorção de certos nutrientes, aumentando a sensação de saciedade ou reduzindo o desejo por comida. Vamos conhecer alguns?

Fenogrego: erva da família das leguminosas, sendo as suas sementes moídas e secas a parte mais usada. Ela funciona diminuindo o esvaziamento do estômago e retardando a absorção de carboidratos e gorduras. Dessa forma, ocorre uma redução do apetite e melhor controle de açúcar no sangue.

Glucomanano: fibra solúvel amplamente conhecida, ajuda a reduzir o apetite e consequentemente a diminuir a ingestão de alimentos. Além disso, o glucamanano pode auxiliar na redução da absorção de proteínas e gorduras, alimentar as bactérias do bem no intestino, ajudar a regular os níveis de açúcar no sangue e ainda reduzir o colesterol total e LDL. Apesar de ser considerada uma substância segura, o excesso pode trazer risco, de modo que a prescrição, bem como a quantidade, devem ser avaliadas por um especialista.

Gymnema sylvestre: com propriedades antidiabéticas, essa erva possui compostos ativos chamados ácidos gimênicos que, segundo estudos, diminuem a doçura dos alimentos. A explicação para tal efeito se deve à ligação desses compostos a receptores de açúcar no intestino, que impedem a absorção do mesmo no sangue. O que pode ajudar a manter níveis de açúcar mais baixos no sangue e a evitar o armazenamento de carboidratos como gordura.

Griffonia simplicifolia: planta conhecida por ser uma das melhores fontes naturais de 5-hidroxitriptofano (5-HTP), um composto que é convertido em serotonina no cérebro. Pesquisas demonstraram que o aumento de serotonina influencia o cérebro a suprimir o apetite, auxiliando a perda de peso, menor ingestão de carboidratos e a redução dos níveis de fome.

Caralluma fimbriata: também utilizada como supressora de apetite, essa erva pode ajudar a aumentar a circulação de serotonina no cérebro, diminuindo a ingestão de carboidratos.

Vale lembrar que, embora essas plantas tenham esse potencial de inibir o apetite, um plano nutroterapêutico, bem como a prática regular de exercícios, precisam (e devem) ser adotados.

 


Referências:

 

Astell, Katie J., et al. “A pilot study investigating the effect of Caralluma fimbriata extract on the risk factors of metabolic syndrome in overweight and obese subjects: a randomised controlled clinical trial.” Complementary therapies in medicine 21.3 (2013): 180-189.
Mathern, Jocelyn R., et al. “Effect of fenugreek fiber on satiety, blood glucose and insulin response and energy intake in obese subjects.” Phytotherapy research 23.11 (2009): 1543-1548.
Kaats, Gilbert R., Debasis Bagchi, and Harry G. Preuss. “Konjac glucomannan dietary supplementation causes significant fat loss in compliant overweight adults.” Journal of the American College of Nutrition 2015 (2015): 1-7.
Birketvedt, Grethe Støa, et al. “Experiences with three different fiber supplements in weight reduction.” Medical Science Monitor 11.1 (2005): PI5-PI8.
Cangiano, Carlos, et al. “Effects of oral 5-hydroxy-tryptophan on energy intake and macronutrient selection in non-insulin dependent diabetic patients.” International journal of obesity 22.7 (1998): 648.
Voigt, Jörg-Peter, and Heidrun Fink. “Serotonin controlling feeding and satiety.” Behavioural brain research 277 (2015): 14-31.

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